terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Os 16 sistemas ferroviários para o transporte urbano do Brasil

O Brasil possui atualmente cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias em operação, embora  no passado grande parte da rede foi desativada. Com a chegada das ferrovias, houve a possibilidade do desenvolvimento de muitas cidades e regiões ao longo do país, pela simplificação no transporte de mercadorias e passageiros.
Após os anos de 1950 e as políticas públicas voltadas para o transporte rodoviário, que era mais barato em custos de construção e manutenção, muitas destas ferrovias acabaram sendo sucateadas e posteriormente desativadas.
Mas a necessidade de um transporte de maior capacidade nas grandes metrópoles crescia de acordo com as cidades, e muitas destas ferrovias acabaram encontrando um outro papel: o transporte de passageiros dentro das áreas urbanas.
No total, são 16 sistemas ferroviários em operação no país, que totalizam 1.186,6 quilômetros de linhas de metrô, trem urbano, monotrilho e VLT - Veículo Leve sobre Trilhos.
Utilizando muitos dos trechos desativados ou mesmo construindo novas ligações, conheça as cidades que possuem o transporte ferroviário para passageiros. 
Observação: Consideramos o transporte ferroviário como um todo, seja ele o metrô, o trem urbano, o monotrilho ou o VLT, já que todos pertencem ao modal ferroviário. Também estamos considerando apenas os sistemas de transporte urbano em operação atualmente para o transporte regular de passageiros. 
A CPTM detém a maior parte da rede, com 273 quilômetros de extensão.
Foto: Gustavo Bonfate.
1° lugar: São Paulo (SP) com 374 quilômetros de rede. 
Sendo a cidade mais populosa do Brasil e uma das maiores no mundo, a capital paulista estabeleceu sua primeira ligação férrea em 16 de fevereiro de 1867, quando a Sao Paulo Railway Company iniciou as operações entre Santos, Baixada Santista, à Jundiaí, interior paulista, passando pela capital. Desde então muitas outras ferrovias foram construídas ao redor da capital e em todo o Estado de São Paulo, todos com a função de escoar a produção para o Porto de Santos ou para outros Estados. 
Já em 14 de setembro de 1974 era inaugurado a primeira linha de metrô no Brasil: a linha Norte - Sul da Companhia do Metropolitano de São Paulo, ou simplesmente Metrô de São Paulo. Embora fosse novidade, o transporte possui muitas das características de um trem urbano comum, como o fato de andar sobre dois trilhos de aço paralelos. 
Diferentemente das linhas de metrô, o transporte urbano por trens utilizam vias que foram construídas pelas companhias férreas entre 1860 e 1950, ou seja, o transporte de passageiros utilizava as mesmas vias que eram destinadas ao transporte de cargas, sendo que boa parte da estrutura foi adaptada para receber os trens metropolitanos. 
Os trens urbanos, ou trens metropolitanos como são conhecidos, são administrados pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), fundada em 27 de maio de 1992 para unificar o transporte de passageiros, até então feito pela CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) e pela FEPASA (Ferrovias Paulistas Sociedade Anônima).
Atualmente, a CPTM transporta cerca de 3 milhões de passageiros diariamente, em seus 273 quilômetros de vias, sete linhas com 94 estações e atendendo a 23 cidades, sendo três fora da Grande São Paulo (Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista e Jundiaí). Conta com uma frota de 208 trens em operação, sendo a maior frota de trens urbanos do país.  
Já o Metrô de São Paulo, que somente recentemente chegou aos 101 quilômetros de extensão, possui seis linhas, 89 estações, transportando cerca de 5 milhões de passageiros por dia, porém dentro dos limites da cidade de São Paulo. O Metrô possui duas linhas que foram concedidas a iniciativa privada, a linha 4 Amarela, operada pela ViaQuatro, e a linha 5 Lilás, operada pela ViaMobilidade. Há ainda a linha 15 Prata do monotrilho, tecnologia derivada do modal ferroviário que circula apoiado em vigas de concreto. A linha possui 12,9 quilômetros de extensão e parte da estação Vila Prudente até São Mateus. 
Ambas as companhias respondem diretamente a Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, e possuem estações onde o passageiro pode fazer a troca entre linhas, seja do Metrô ou da CPTM, sem o pagamento adicional da tarifa, que atualmente custa R$ 4,40. É atualmente a maior rede de transportes ferroviários do Brasil, também o mais movimentado e com maior frota em operação.

Trens da SuperVia possuem a maior parte da rede, com 270 quilômetros.
Foto: Gustavo Bonfate.
2° lugar: Rio de Janeiro (RJ) com 365 quilômetros.
A cidade do Rio de Janeiro é um dos pontos turísticos mais visitados no Brasil e no mundo, possuindo atualmente cerca de 6 milhões de habitantes, e uma região metropolitana com 22 municípios com cerca de 13 milhões de habitantes (considerando a capital). 
A capital carioca recebeu sua primeira linha de trem em 30 de abril de 1854 entre o Porto de Mauá à Fragoso, e consequentemente foi a primeira linha férrea do Brasil, sendo de domínio da Estrada de Ferro Mauá, que foi impulsionada pelo famoso Barão de Mauá. Posteriormente, outras companhias férreas foram sendo estabelecidas no Estado do Rio de Janeiro, onde mais tarde formaram as linhas de trens urbanos em alguns trechos.
Assim como diversas capitais, o Rio de Janeiro possuía um sistema grande de linhas de bondes, que aos poucos foram sendo supridos em favor dos ônibus. Em 1° de setembro de 1896, a Companhia Ferro-Carris de Santa Teresa inaugurou a linha de bondes elétricos, embora já operando desde 1877 como plano inclinado. Os Bondes de Santa Teresa, como ficou conhecido, foram os que sobraram desde o fim de diversas linhas até meados de 1960. Com 10, 5 quilômetros de extensão entre a estação Carioca de Bondes, próximo do Largo da Carioca, até o bairro de Santa Teresa, atravessando os Arcos da Lapa. O sistema é muito utilizado por turistas que visitam a região pagando R$ 25,00 cada, mas para moradores cadastrados, o embarque é gratuito, tornando ele um dos únicos sistemas de bondes em operação para o transporte urbano no país. 
Em 5 de março de 1979 foi inaugurado a primeira linha de metrô do Rio de Janeiro, a linha 1, que ligava até então a estação Praça Onze à estação Glória, e se expandiu ao longo dos anos devido a necessidade por um transporte mais rápido ao tão caótico trânsito carioca. O Metrô do Rio de Janeiro, ou como é conhecido MetrôRio, foi fundado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, mas em 1998 foi concedido à iniciativa privada.
Em 5 de junho de 2016 era entregue a primeira linha de VLT do Rio de Janeiro, que faz parte de um projeto para a revitalização urbana chamada "Porto Maravilha" na região central da cidade. O VLT têm como intuito estabelecer um transporte eficiente e melhor na região, e atualmente conta com três linhas em operação, 29 paradas, 32 trens que percorrem os 28 quilômetros de rede, transportando cerca de 80 mil passageiros por dia. O transporte é de responsabilidade da Concessionária do VLT Carioca S.A. e atende a pontos importantes como o Aeroporto de Santos Dumont, a estação Central do Brasil e a Rodoviária Novo Rio.
Já o transporte de trens urbanos, que entre 1994 e 1998 era de responsabilidade do Governo Estadual, foi concedido para o setor privado e hoje é de competência da SuperVia Concessionária de Transporte Ferroviário S/A, ou somente SuperVia. Atualmente, a rede de trens possui oito linhas, com 104 estações, 204 trens, que transportam cerca de 700 mil passageiros por dia em seus 270 quilômetros de rede através de 12 municípios.
O MetrôRio transporta atualmente cerca de 800 mil passageiros por dia, em seus 56, 5 quilômetros de extensão, com três linhas, 41 estações e 64 trens.
A integração entre o VLT, o trem metropolitano e o metrô é tarifária, ou seja, o passageiro não pode realizar a transferência entre o VLT, o metrô e o trem sem o pagamento de uma tarifa adicional além daquela já paga ao acessar o sistema. Somente os passageiros que possuem os bilhetes eletrônicos é que podem realizar essa integração. A tarifa do metrô e do trem é de R$ 4,60, enquanto no VLT é de R$ 3,80.

Trem estacionado no pátio do Metrô de Recife.
Fonte: Wikipédia/Metrô do Recife.
3° lugar: Recife (PE) com 71 quilômetros.
Construído pelo antigo consórcio METROREC formado pelas antigas Rede Ferroviária Federal e Empresa Brasileira de Transportes Urbanos, a EBTU, e hoje pertencente a CBTU, a primeira linha de metrô da capital do Pernambuco foi inaugurada em 11 de março de 1985 entre a estação Recife e Werneck. A primeira ligação ferroviária de Recife havia sido inaugurada em 10 de fevereiro de 1858 pela então Estrada de Ferro Recife ao São Francisco, onde os trens de passageiros de longo percurso foram extintos até meados de 1980. O metrô usou parte do traçado das antigas ferrovias que percorriam a região, o que barateou os custos de implantação, assim possibilitando as futuras extensões do sistema.
Entre os trechos em operação, há um ramal denominado "linha Diesel" que atende o trecho entre as estações Curado à Cabo, em um percurso de 31,5 quilômetros de extensão, embora originalmente o ramal atendia ao centro de Recife. Antes de 2012, o percurso era feito com uma locomotiva à diesel, mas a partir deste ano foi substituído pelo VLT de Recife, com trens mais modernos e eficientes, mas ainda movidos à diesel.
Aliás, o sistema de VLT foi implementado na região metropolitana de Recife como alternativa aos trechos antigos das ferrovias que precisavam de um atendimento do transporte mas não comportava um sistema metroviário pesado. A rede de VLT do Recife possui duas linhas, nove estações e uma extensão de aproximadamente 31,5 quilômetros, com uma tarifa de R$3,00.
O sistema metroviário possui no total 39,5 quilômetros de extensão, quatro linhas, 47 trens, 29 estações, e transportando cerca de 400 mil passageiros por dia entre os cinco municípios atendidos na região metropolitana de Recife, sendo o sistema ferroviário de passageiros mais movimentado do nordeste brasileiro. A tarifa autorizada no metrô também é de R$3,00.

Trem do VLT e locomotiva do sistema de Natal, RN.
Fonte: Wikipédia/VLT de Natal. 
4° lugar: Natal (RN) com 56,2 quilômetros.
Denominado como "metrô de superfície", o sistema de trens urbanos de Natal foi inaugurado em 1988 para atender a população da cidade e da região metropolitana, mais precisamente as cidades de Ceará-Mirim, Extremoz e Parnamirim. A primeira ferrovia da região foi entregue em 1881 pela Estrada de Ferro Natal a Nova Cruz, onde o tráfego de passageiros foi encerrado nos anos 1980. Como as vias não estavam mais em uso, foi proposto que a linhas de trens urbanos de Natal utilizasse para o transporte de passageiros, sendo também utilizado o antigo traçado da Estrada de Ferro do Rio Grande do Norte. A administração do sistema é de responsabilidade da CBTU, onde investiu recentemente na aquisição de trens do tipo VLT para a modernização do transporte e está com planos de expandir as linhas para atender à uma maior parcela da população.
O sistema não possui trens elétricos, sendo atualmente um misto de trens do VLT, adquiridos recentemente pela CBTU, e locomotivas que puxam os carros de passageiros, embora já há planos para a substituição das locomotivas atuais por mais trens mais modernos. A bitola utilizada nos trens é de 1.000 mm. 
Mesmo sendo um sistema ferroviário simples, possui 56,2 quilômetros de extensão, oito trens (sendo 9 carros de passageiros), 23 estações que atendem à uma média de 13 mil passageiros por dia. Embora simples, o transporte é necessário para muitas pessoas na região, sendo o segundo maior do nordeste. A tarifa atual é de R$0,70 (setenta centavos), uma tarifa acessível para a maioria da população.

Trem de fabricação italiana que opera na Linha Sul do "Metrofor".
Fonte: Wikipédia/Metrô de Fortaleza.
5° lugar: Fortaleza (CE) com 54,4 quilômetros.
Após muitos contratos assinados e desfeitos ao longo das décadas de 1980 e 1990, somente em 15 de junho de 2012 é que a primeira linha do metrô de Fortaleza foi inaugurada a linha Sul do sistema, ligando as cidades de Pacatuba, Maracanaú à Fortaleza. Com uma população de 2,6 milhões, a cidade precisava de um sistema ferroviário para suprir a necessidade de um transporte mais ágil que os ônibus.
Diferente de outros sistemas, alguns ramais atuais do sistema foram construídos novos sob os antigos ramais férreos que atendiam a região, sendo que a primeira ferrovia na região foi estabelecida em 1872 pela Estrada de Ferro Baturité.
A rede ferroviária também conta com um misto de trens elétricos, somente a linha Sul, e trens à diesel, no caso do VLT das linhas Oeste e Parangaba-Mucuripe. Tanto o metrô quanto o VLT possuem bitola de 1.000 mm (1,00 m).
No caso da linha Oeste, que atualmente opera com VLT, já houve a operação antes do metrô, tendo sido inaugurada em 1988 como linha de trens urbanos da CBTU utilizando locomotivas à diesel, e que posteriormente foi repassado ao metrô de Fortaleza.
O controle da rede atual é de domínio do Governo do Estado do Ceará, que opera o sistema através da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos, que administra o metrô de Fortaleza (Metrofor). Atendendo a uma demanda média diária de 41 mil passageiros (sem considerar a linha Parangaba por estar em operação assistida), uma extensão total de 54,4 quilômetros, 37 estações, 25 trens que atendem à quatro cidades. Há projeções de que a rede passe a ter 64 quilômetros de extensão quando as linhas em construção e projeto estejam prontas. A tarifa atual é de R$3,60 para a linha Sul (metrô), e de R$1,00 para o VLT da linha Oeste, e atualmente a linha de Parangaba opera de forma gratuita devido a operação assistida.

Trem do metrô de Salvador em operação.
Foto: Gustavo Bonfate.
6° lugar: Salvador (BA) com 46,5 quilômetros.
Sendo a capital mais populosa do nordeste brasileiro, Salvador possui cerca de 2,8 milhões de habitantes, uma região metropolitana com cerca de 4,3 milhões de habitantes, e contou com a primeira ligação ferroviária em 28 de julho de 1860, quando a Bahia and San Francisco Railway Company - na tradução Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, inaugurou sua primeira linha partindo da estação Calçada até o interior do estado. Posteriormente, a ligação passou a compor a Superintendência Regional 7 da Rede Ferroviária Federal. Inicialmente transportando cargas, a ferrovia passou a atender aos trens de subúrbio da capital entre o Calçada e Paripe, região norte da cidade, após reduções feitas em 1980. 
No ano de 2000, a Companhia de Transportes de Salvador, a CTS, assumiu as operações que eram feitas pela CBTU até então.
As operações diárias nos trens de subúrbio são muito complexas, com trens antigos, estações e vias permanentes degradadas e precárias, sinalização ineficiente, e longos períodos de espera, a única linha de trens urbanos liga a estação de Calçada, região central, até a estação Paripe, região norte de Salvador, com um percurso de 13,5 quilômetros de extensão, 10 estações e uma média de 10 mil passageiros por dia. É considerado isolado do restante da cidade por não se conectar com nenhuma linha de metrô ou terminal de ônibus. A tarifa unitária atualmente é de R$0,50.
Há propostas de transformar a extensão de trens urbanos em um sistema de VLT, semelhante ao usado no Rio de Janeiro, para modificar as regiões atendidas atualmente e melhorar a prestação de serviços.
Após muitos anos de cancelamentos, obras paradas e adiamentos, em 11 de junho de 2014, era inaugurada a primeira linha de metrô de Salvador, a linha 1, ligando a estação Lapa à estação Acesso Norte, sendo concluída inicialmente em 22 de dezembro de 2015 até a estação Pirajá. Inicialmente o metrô de Salvador iria ser operado pela prefeitura através da Companhia de Transportes de Salvador, que posteriormente transferiu a responsabilidade para o Governo Estadual da Bahia, e por sua vez realizou uma concorrência para uma Parceria Público-Privada, onde a vencedora foi o Grupo CCR, que agora administra e opera o sistema de metrô da cidade através da CCR Metrô Bahia.
Atualmente, o sistema de metrô possui 33 quilômetros de extensão, com 20 estações, 40 trens e transportando uma média diária de 300 mil passageiros. Há integrações físicas e tarifárias em algumas estações com o sistema municipal e intermunicipal de ônibus da cidade. A tarifa autorizada atualmente é de R$3,70 no valor unitário.

Trem do metrô de Porto Alegre.
Foto: Gustavo Bonfate.
7° lugar: Porto Alegre (RS) com 43,4 quilômetros.
Com uma população com cerca de 3,6 milhões de habitantes, sendo 1,4 milhões de habitantes somente na capital, Porto Alegre recebeu sua primeira ferrovia em 14 de abril de 1874, com a The Porto Alegre & New Hamburg Brazilian Railway Company Limited inaugurou a ligação entre a capital e São Leopoldo, posteriormente até Novo Hamburgo, em um percurso de 33,7 quilômetros, sendo a primeira ferrovia do Estado. 
Com a desativação dos trens no trecho entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, houve uma retificação do percurso para que fosse construído uma linha de metrô, sendo inaugurado em 2 de março de 1985 pela recém fundada Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A.), que possui como acionistas o Governo Federal, sendo o maior acionista, do Estado do Rio Grande do Sul e a prefeitura de Porto Alegre, com bem menos ações. 
Atualmente, o metrô de Porto Alegre transporta cerca de 200 mil passageiros por dia nos seus 43,4 quilômetros de extensão e 22 estações. Possui 40 trens e atende à seis municípios.
Há também a ligação para o Aeroporto Internacional Salgado Filho, operada pela Transurb que liga a estação Aeroporto ao Terminal 1 do aeroporto da cidade através do Aeromóvel inaugurado em 2013. Essa interligação possui cerca de 800 metros e dois trens categorizado como Aeromóvel "Conexão Transurb - Infraero". A tarifa no sistema atual é de R$4,20.

Trem do Metrô-DF em operação.
Foto: Gustavo Bonfate.
8° lugar: Brasília (DF) com 42,3 quilômetros.
Embora seja a capital do país e ser uma cidade construída do zero, Brasília inaugurou sua primeira linha de metrô em 17 de agosto de 1998 com um trecho inicial de 22, 5 quilômetros de extensão, mas em 31 de março de 2001 é que realmente foi aberta as operações comerciais.
Antes disso, em 24 de abril de 1981, a estação Brasilia do "ramal Brasília" da Rede Ferroviária Federal havia sido aberta para conectar a cidade com a "Estrada de Ferro Goiáz". Embora houvesse esse ramal desde 1968, somente chegou a capital em 1981, quando o transporte de passageiros já estava quase no fim, onde em 1991 foi encerrado. Hoje, os trilhos que passam pelo fim do Eixo Monumental de Brasília são usados por trens cargueiros, embora tenha um imensa estação e uma antiga rodoviária ao lado. Há estudos para a utilização do trecho entre Brasília e Valparaíso, em Goiás, para o transporte de passageiros utilizando a tecnologia VLT.
A construção e operação do metrô é de responsabilidade da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal, ou Metrô-DF como é chamado, e que pertence ao Governo do Distrito Federal. Muitas das características deste sistema foram inspiradas por sistemas de metrô já construídos antes, como o de São Paulo.
O Metrô-DF se expandiu mais ao sul do Distrito Federal, o que o torna isolado e pouco influenciador nas regiões mais ao norte. Há planos de expandir a rede em direção ao norte, mas ainda está longe de realmente atender a todo o Distrito Federal.
O sistema atende atualmente à cerca de 160 mil passageiros por dia com suas duas linhas, 24 estações, 42,3 quilômetros de extensão e 32 trens. Há planos de expansão em estudos tanto das linhas de metrô quanto a construção de linhas de VLT que conectariam as regiões mais afastadas do Plano Piloto com a rede de metrô. Carrega o título de sistema metroviário mais caro do país, com a tarifa autorizada atualmente em R$5,50. Proporcionalmente falando, é o sistema metroviário de menor extensão e de custo mais alto do país.

Trem do VLT de Maceió de fabricação nacional pela Bom Sinal.
Fonte: Wikipédia/VLT de Maceió.
9° lugar: Maceió (AL) com 34,3 quilômetros.
Maceió recebeu sua primeira ferrovia em 1871 pela Estrada de Ferro Central de Alagoas, que mais tarde passou a compor a linha Sul, que conectava Recife à Maceió. Com uma população de cerca de 1 milhão de habitantes, o transporte urbano por trens se iniciou ainda pela Rede Ferroviária do Nordeste, antecessora da Rede Ferroviária Federal no nordeste brasileiro, e mais tarde passou a ser de responsabilidade da CBTU, que opera até os dias atuais na cidade.
Em 10 de outubro de 2011, passou a funcionar os trens do VLT na única linha do sistema, que liga Maceió à cidade de Rio Largo, passando por Satuba. A projeção é substituir as locomotivas e carros de passageiros por trens mais modernos do VLT, mas também movidos à diesel. A bitola utilizada atualmente é de 1,000 mm, a mesma desde a fundação da ferrovia na região.
Com uma linha, com extensão total de 34,3 quilômetros que atendem à 15 estações e sete trens em operação, o sistema transporta uma média de 10 mil passageiros por dia, e há projetos de expansão da rede para melhorar a mobilidade urbana da região. A tarifa atual é de R$1,50.

Trem do tipo "VLT" em operação no sistema de João Pessoa.
Fonte: Mobilize Brasil/CBTU
10° lugar: João Pessoa (PB) com 30 quilômetros.
Com uma população de cerca de 800 mil habitantes, a capital João Pessoa possui um sistema ferroviário para o transporte urbano desde 11 de março de 1985, quando a CBTU criou o serviço utilizando uma locomotiva que puxa os carros de passageiros. Mas antes disso, João Pessoa teve sua primeira ferrovia em 1889 pela Estrada de Ferro Conde D'Eu que conectava a então capital Paraíba (atual João Pessoa) até a linha Norte, que atravessava o interior da Paraíba em direção ao Rio Grande do Norte e Pernambuco. Com o abandono das ferrovias do nordeste, o transporte de passageiros entre as capitais foi suprido em meados de 1970, permanecendo algumas como ferrovias para cargas, embora dentro das capitais ainda haja o transporte de passageiros, como é o caso de João Pessoa, que utiliza o antigo traçado da ferrovia até a cidade de Santa Rita, todo construído em bitola métrica (1,000mm).
O transporte é um misto, assim como outros dessa lista, de locomotivas que puxam os carros de passageiros e de trens do VLT, adquiridos nos mesmos padrões de outras cidades do nordeste.
Transportando uma média de 10 mil passageiros por dia, o sistema é administrado diretamente pela CBTU, e possui 30 quilômetros de extensão, 20 estações, uma frota de nove trens, sendo 24 carros de passageiros, e atende à quatro cidades dentro da região metropolitana de João Pessoa. A tarifa atual é de R$1,00.

Trem do metrô de Belo Horizonte.
Foto: Gustavo Bonfate.
11° lugar: Belo Horizonte (MG) com 28 quilômetros.
A capital Belo Horizonte e a sua região metropolitana possuem, juntas, cerca de 4 milhões de habitantes, onde foi inaugurada a primeira linha férrea ligando a cidade até General Carneiro em 07 de setembro de 1895, onde a linha se encontrava com a "linha do Centro" da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil. Em meados de 1970, o então Ministério dos Transportes (atual Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil) iniciou estudos para a implantação de um sistema de transportes de passageiros na RMBH (Região Metropolitana de Belo Horizonte), e também para reestruturar o transporte de cargas na região. 
No dia 1° de agosto de 1986, a CBTU através da Superintendência de Trens Urbanos de Belo Horizonte inaugurou a primeira linha do Metrô de Belo Horizonte, no trecho entre Lagoinha, na região noroeste de Belo Horizonte, e Eldorado, na cidade de Contagem. Somente a linha 1 está em operação atualmente, embora há estudos para a construção de mais duas linhas.
O "Metrô de BH" ainda é administrado pela CBTU, transporta diariamente cerca de 200 mil passageiros por dia, com seus 28 quilômetros de extensão, 19 estações e 35 trens. A tarifa autorizada atualmente é de R$ 3,40. 
Uma curiosidade é que ao lado da estação Central do metrô, parte o trem da Estrada de Ferro Vitória à Minas com destino à Vitória, Espírito Santo. O trem pertence a Vale S.A. e realiza o transporte entre as cidades no percurso de 664 quilômetros, ou seja, não se categoriza como um transporte urbano por não transportar passageiros na região metropolitana de Belo Horizonte.
Uma das automotrizes da Estrada de Ferro Campos do Jordão.
Foto: Gustavo Bonfate.
12° lugar: Pindamonhangaba (SP), com 20 quilômetros. 
Sendo inaugurada em 15 de novembro de 1914, a Estrada de Ferro Campos do Jordão foi projetada para levar pacientes com doenças pulmonares até o alto da Serra da Mantiqueira, onde o clima auxiliaria na cura dos pacientes. Essa ferrovia foi idealizada por dois médicos sanitaristas, Emílio Marcondes Ribas e Victor Godinho, que precisavam de uma maneira mais rápida e segura de levar seus pacientes até a cidade de Campos do Jordão, alto da serra. Cerca de um ano depois foi encapada pelo Governo do Estado de São Paulo, aquém pertence até os dias atuais. 
A ferrovia centenária parte das proximidades do antigo leito da Estrada de Ferro Central do Brasil, entre São Paulo e Rio de Janeiro, seguindo pela região rural de Pindamonhangaba, embora jamais tenha compartilhado vias com a Central do Brasil por conta da diferença entre bitolas (1.000 mm contra 1.600 mm). O trecho total de 47 quilômetros de extensão entre Pindamonhangaba e Campos do Jordão levam consigo a história da belíssima cidade no alto da serra, sendo atualmente a ferrovia mais alta do Brasil. 
Embora conhecida por seus passeios turísticos entre Campos do Jordão, Pindamonhangaba e o alto da Serra, há o transporte urbano de passageiros dentro da região de "Pinda", levando os passageiros do centro da cidade até a região rural, onde o transporte por pneus é dificultoso. 
Com um percurso de cerca de 20 quilômetros entre Pindamonhangaba e Piracuama, já no pé da serra, há apenas um trem faz o percurso com horários pré estabelecidos com a tarifa atual de R$ 3,10. Em alguns dias e horários, o trem segue até somente a estação de Expedicionária, com a mesma tarifa cobrada até Piracuama. Esse percurso é de 15 quilômetros apenas. 

VLT de Sobral em operação pelas vias da cidade.
Fonte: Mobilize Brasil.
13° lugar: Sobral (CE) com 13,9 quilômetros.
A cidade de Sobral, interior do Ceará, recebeu sua primeira ferrovia no dia 31 de dezembro de 1882 pela então Estrada de Ferro de Sobral, que partia de Camocim até a cidade, onde mais tarde foi expandida até a outra ponta do Estado. Mais tarde passou a ser parte da antiga linha Norte da Rede de Viação Cearense, que partia de Fortaleza até Oiticica, divisa com o Piauí, e passou a integra-se com a Rede Ferroviária Federal já em 1975. O transporte de passageiros extinto em 12 de dezembro de 1988, restando apenas o transporte de cargas e de passageiros nas áreas urbanas de Fortaleza.
O trecho que passa por Sobral, que possui uma população de cerca de 200 mil habitantes, é subutilizado pelos trens de carga da Ferrovia Transnordestina Logística, concessionária do trecho. Então, o Governo Estadual do Ceará propôs o projeto do VLT de Sobral que seria administrado pela Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos, propondo a construção de duas linhas: a linha Norte e linha Sul, que utiliza partes do traçado da antiga estrada de ferro. A população duvidou do projeto e da viabilidade, e, após problemas de projeto e planejamento, foi inaugurado em 22 de outubro de 2014 as duas linhas. Utilizando bitola métrica (1,000 mm), a rede possui no total 13,9 quilômetros de extensão, 12 estações, com cinco trens que atendem à uma média de 4 mil passageiros por dia. A tarifa atual é de R$1,00, embora no início das operações a tarifa cobrada fosse de R$3,00.

Trem do VLT do Cariri.
Fonte: Via Trólebus.
14° lugar: Juazeiro do Norte (CE) com 13,6 quilômetros.
Sendo a terceira maior população do Estado do Ceará, Juazeiro do Norte possui uma população de cerca de 270 mil habitantes e faz parte da Região Metropolitana de Cariri com nove municípios ao sul do Estado. A primeira ligação ferroviária da cidade foi estabelecida em 07 de novembro de 1926 pela Rede de Viação Cearense para atender a então linha Tronco da companhia, entre Fortaleza e Crato, onde o transporte de passageiros entre as cidades funcionou provavelmente até meados de 1980.
A Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos propôs então a utilização do trecho entre Juazeiro do Norte e a cidade de Cratos para a construção do "Metrô de Cariri" utilizando a tecnologia do VLT como forma de agilizar o processo de construção. No dia 1° de dezembro de 2009 foi entregue a linha Central, sendo atualmente a única linha em operação no sistema.
Com 13,6 quilômetros de extensão, nove estações que atendem aos cerca de 2 mil passageiros por dia, o VLT de Cariri possui uma tarifa de R$1,00. O sistema possui duas composições de bitola métrica que circulam pelo ramal.

Trem do metrô de Teresina.
Fonte: Via Trólebus. 
15° lugar: Teresina (PI) com 13,5 quilômetros.
A primeira ferrovia da cidade de Teresina, capital do Piauí, foi aberta em 1926, mas somente começou a receber trens com frequência a partir de 1939, quando a então Estrada de Ferro São Luís - Teresina atravessou o Rio Parnaíba, divisa com o Maranhão. Em meados dos anos 1960 foi aberta a linha Teresina-Oiticica, na divisa com o Ceará, que posteriormente, assim como a Estrada de Ferro São Luís - Teresina, passou a compor a Rede Ferroviária Federal no nordeste.
Em 1978, a extinta EBTU projetou a construção da primeira linha de metrô de Teresina, mas somente em 1987 é que as obras foram iniciadas e entregues em 11 de janeiro de 1991 para a Companhia Metropolitana de Transportes do Piauí, à quem opera o sistema até os dias atuais. Como forma de reduzir os custos de implantação, foram utilizados os trechos das antigas ferrovias que atravessam Teresina e que foram cedidos pela Rede Ferroviária para a construção. Um fato curioso é que os trens em operação, movidos à diesel, operavam pela Rede Ferroviária Federal na linha entre Porto Alegre e Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, e que foram enviados para a operação do sistema de metrô em Teresina. Há planos de substituir esses trens, fabricados em 1973, por trens do tipo VLT que entrarão no lugar dos trens aos poucos. A bitola utilizada no sistema é a mesma que a usada na construção da ferrovia original: 1.000 mm.
Transportando uma média de 15 mil passageiros por dia, o sistema conta com uma linha, de 13,5 quilômetros de extensão, nove estações e apenas dois trens para o transporte. A tarifa atual do sistema é de R$1,00, mesmo sendo de curto alcance e com horários restritivos, o transporte é usado como forma mais rápida de deslocamento em relação aos ônibus.

VLT da Baixada, como é chamado, em operação.
Foto: Gustavo Bonfate.
16° lugar: Santos (SP) com 11,5 quilômetros.
A cidade de Santos já contava com uma ligação ferroviária com o interior do Estado de São Paulo e capital desde 1867, mas em 1913, a Southern San Paulo Railway Company inaugurou a linha Santos à Conceição de Itanhaém (hoje, somente Itanhaém) partindo de outro ponto da cidade. Mais tarde, a linha foi expandida até Juquiá, no Vale do Ribeira, extremo Sul do Estado.
Já nos anos 1920, a ferrovia foi encapada pelo Governo do Estado e passou a pertencer a então Estrada de Ferro Sorocabana, que assim conseguiu quebrar o monopólio da Sao Paulo Railway Company no Porto de Santos quando inaugurou a linha Mairique - Santos em 1937 utilizando a linha entre Samaritá e Santos já existente, enquanto o trecho entre Samaritá (na cidade de São Vicente) e Cajati, após a expansão em 1981, passou a ser um ramal. O tráfego de passageiros no ramal de Juquiá foi encerrado em meados de 1997, mas o transporte foi sendo feito pela FEPASA que transformou o ramal em um transporte entre as cidades de Santos e São Vicente conhecido como "TIM" - Trem Intra Metropolitano, que operava junto com os trens cargueiros que ainda passam pelo trecho. O TIM foi herdado pela CPTM em 1996 e desativou o serviço em 1999, pois era um serviço bem precário feito por duas locomotivas à diesel que puxavam os trens da série 4800 da CPTM (antiga série 5900 da FEPASA) pelas vias, uma vez que não havia eletrificação do percurso. Já o transporte de cargas funcionou até meados de 2008, quando os trens passaram a circular por fora de Santos.
Com as vias abandonadas e sem uso cortando o centro de Santos, foi proposto pelo Governo do Estado a reativação do percurso entre São Vicente e Santos utilizando a tecnologia VLT para o transporte entre as duas cidades que compõe a Baixada Santista. O ramal foi repassado a EMTU - Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, que iniciou as obras em 2013, inaugurou o primeiro trajeto em 31 de janeiro de 2016. Com trens novos de bitola internacional (1.435 mm), estações modernas e conectando as cidades, o VLT da Baixada Santista utilizou todo o antigo traçado da ferrovia existente antes, o que barateou os custos, porém deixou o VLT isolado do restante da cidade. Há projetos de construir outra linha do VLT, aumentando o número de passageiros transportados, além de expandir a linha até Samaritá, onde o transporte por trem não é mais usado desde que foi desativado o "TIM". O VLT tem como principal objetivo melhorar o transporte na Baixada Santista, onde o seus mais de 1,8 milhões de habitantes.
A operação atual do transporte é de responsabilidade do Consórcio BR Mobilidade, que já atua no transporte urbano por ônibus da região, que opera a única linha em operação, a linha 1. O sistema possui 11,5 quilômetros de extensão, 15 estações, 22 trens e atendendo à cerca de 70 mil passageiros por dia. Uma curiosidade é que esse é o único atual VLT operando no Estado de São Paulo, porém não foi o primeiro, sendo que este título pertence ao já extinto VLT de Campinas.

Fontes consultadas: 
site da CBTU: https://www.cbtu.gov.br/index.php/pt/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h15.
site da Metrofor: https://www.metrofor.ce.gov.br/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h20.
site da CPTM: http://www.cptm.sp.gov.br/Pages/Home.aspx, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h25.
site do Metrô-SP: http://www.metro.sp.gov.br/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h27.
site do Metrô-DF: http://www.metro.df.gov.br/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h32.
site da SuperVia: https://www.supervia.com.br/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h37.
site do MetrôRio: https://www.metrorio.com.br/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h43.
site do VLT Carioca: https://www.vltrio.com.br/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h23.
site da Trensurb: http://www.trensurb.gov.br/home.php, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h10.
site Estações Ferroviárias do Brasil: https://www.estacoesferroviarias.com.br/index.html, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h55.
site da Companhia Metropolitana de Transportes do Piauí: https://www.pi.gov.br/orgaos/companhia-metropolitana-de-transporte-publico-cmtp/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 14h01.
site do "Visit Rio": http://visit.rio/que_fazer/bondinho-de-santa-teresa/, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 13h34.
site da EMTU-SP: http://emtu.sp.gov.br/EMTU/home.htm, consultado em 20 de janeiro de 2020 às 12h45.

Nenhum comentário:

Postar um comentário