terça-feira, 10 de agosto de 2021

Como são denominadas as rodovias?

Você já parou para imaginar como rodovias são nomeadas? Por que algumas são denominadas como BR-101 ou BR-040 e outras são chamadas de SP-101 ou MG-040? Embora pareça confuso, há uma lógica por trás de todas as nomenclaturas das rodovias, estaduais ou federais, e hoje vamos compreender essa lógica.
Rodovia Raposo Tavares (SP-270).
Foto: Victor Santos, 2021.
Sendo o transporte rodoviário sua principal forma de conexão entre as regiões do país, não é por menos que o Brasil possui uma infraestrutura rodoviária com cerca de 210 mil quilômetros de rodovias pavimentadas e 1,3 milhão de rodovias não pavimentadas (DNIT, 2020).
É um pouco estranho o transporte rodoviário ser mais utilizado que o transporte ferroviário e mesmo assim o investimento em rodovias ser muito abaixo da necessidade.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) adotou a atual nomenclatura em 1964, quando o antecessor do DNIT, o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) passou a denominar as rodovias de maneira mais organizada.
Para as rodovias federais, que fazem ligações interestaduais, sua denominação começa com a sigla BR, seguida de três algarismos que informam a categoria ou posição da rodovia em relação a capital federal. Exemplos: BR-040, BR-116 BR-262, BR-381, BR-401.
Para as rodovias estaduais, que fazem ligações regionais dentro do mesmo estado, possuem a denominação que faz referência ao UF (Unidade Federativa ou da Federação) de cada Estado, seguindo uma lógica diferente para os três algarismos seguintes. Exemplos: SP-330, MG-040, RJ-116, entre outras.

Existem cinco tipos de rodovias e são representadas com o algarismo distintos na lógica, segundo o DNIT:
Rodovias radiais Rodovias que partem da Capital Federal para os extremos do país. O primeiro algarismo é sempre 0, enquanto os dois restantes representam a sequência delas no sentido horário de 05 a 95.
Exemplos: BR-010 (Brasília – Belém), BR-020 (Brasília – Fortaleza), BR-030 (Brasília – Campinho). BR-040 (Brasília – Rio de Janeiro), BR-050 (Brasília – Santos), assim por diante.
Rodovias radiais.
Fonte: DNIT, 2020.
Rodovias longitudinais – Rodovias que atravessam o país na direção Norte-Sul. O primeiro algarismo é representado por 1, e os dois restantes varia de acordo com a posição da rodovia em relação a Brasília. Ou seja, se a rodovia estiver posicionada geograficamente a Leste de Brasília, pode variar de 00 a 50 os dois últimos dígitos, enquanto se a rodovia estiver a Oeste da capital federal, os dígitos podem variar de 50 a 99. Isso também está relacionado ao quanto a rodovia esta afastada da capital federal, se estiver mais distante ou mais próxima de Brasília.
Exemplos: BR-101 (Touros/RN a Rio Grande/RS), BR-116 (Fortaleza/CE a Jaguarão/RS), BR-158 (Altamira/PA a Santana do Livramento/RS), entre outras.
Rodovias longitudinais.
Fonte: DNIT, 2020.
Rodovias transversais Atravessam o país na direção Leste-Oeste. O primeiro algarismo é representado por 2 (dois), enquanto dos dois restantes formam a mesma lógica das rodovias longitudinais. Varia entre 00, mais ao Norte, e 50 na capital federal, e 50 a 99, no extremo sul.
Exemplos: BR-210 (Macapá/AP a fronteira com a Colômbia), BR-251 (Ilhéus/BA a Cuiabá/MT), BR-290 (Osório/RS a Uruguaiana/RS), entre outras.
Rodovias transversais.
Fonte: DNIT, 2020.
Rodovias diagonais – Rodovias que ligam regiões do país no sentido Noroeste-Sudeste ou Nordeste-Sudoeste. O primeiro algarismo é representado por 3 (três), enquanto os dois restantes atendem um critério de acordo com o sentido.
No sentido Nordeste-Sudoeste, se a rodovia estiver no extremo Nordeste do país ou mais próxima de Brasília varia entre 00 e 50 com número pares, enquanto se estiver mais a Sudoeste de Brasília pode variar de 50 a 98.
No caso das rodovias Noroeste-Sudeste, varia de 01 a 51 no extremo Noroeste do país, e de 51 a 99 se estiver no extremo Sudeste. Sempre com números ímpares e variando de acordo com a distância em relação a Brasília.
Exemplos: BR-316 (Belém/PA a Maceió/AL), BR-319 (Manaus/AM a Porto Velho/RO), BR-381 (São Mateus/ES a São Paulo/SP), BR-392 (Rio Grande/RS a fronteira com a Argentina), entre outras.
Rodovias diagonais.
Fonte: DNIT, 2020.
Rodovias de ligação – Categoria para as demais rodovias do país, como as que fazem ligação entre as rodovias, ligam rodovias a regiões importantes como cidades ou portos, ou mesmo nas fronteiras internacionais do país. Não possuem um critério para a direção como as outras, e seu primeiro algarismo é o 4 (quatro), enquanto os dois últimos variam entre 00 e 50 se estiver ao Norte do paralelo de Brasília, e de 50 a 99 se estiver ao Sul em relação a capital federal.
Exemplos: BR-401 (Boa Vista/RR a fronteira com a Guiana), BR-415 (Ilhéus/BA a Vitória da Conquista/BA), BR-452 (Rio Verde/GO a Araxá/MG), BR-488 (do entroncamento com a BR-116 ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida/SP), entre outras. Há duas rodovias com a denominação BR-6xx, a BR-600 e BR-610 que entram nessa categoria.

No caso de sobreposição de rodovias, quando duas ou mais rodovias são representadas em um mesmo trecho de circulação, adota-se a nomenclatura da rodovia mais importante ou de maior fluxo.

Placa instalada as margens da BR-101.
Indicações marcam o sentido e a quilometragem no trecho.
Foto: Muriel Albonico.
Existe também a questão da quilometragem e a direção de cada rodovia, representada por placas indicativa (azul) nas rodovias. Indiferente da categoria da rodovia, a quilometragem não é cumulativa, se iniciando e zerando dentro do mesmo Estado. Para cada categoria, há uma lógica para a contagem da quilometragem:
Rodovias radiais – O ponto inicial dessas rodovias é o Anel Rodoviário de Brasília e segue no sentido de cada extremidade das rodovias. A quilometragem sempre é zerada ao sair de cada Estado, se iniciando sempre com a orientação a partir de Brasília.

Rodovias longitudinais – A orientação da quilometragem é no sentido Norte-Sul, com duas exceções que é o caso das rodovias BR-163 e BR-174, cuja orientação é no sentido Sul-Norte.

Rodovia transversais – Possuem a orientação Leste-Oeste para a quilometragem.

Rodovias diagonais – Essas rodovias possuem seu ponto mais ao Norte como início e ponto mais ao Sul como final, com exceções das rodovias BR-307, BR-364 e BR-392.

Rodovias de ligação – Normalmente segue do ponto mais ao Norte ao ponto mais ao Sul, ou em casos de rodovias de ligação entre duas rodovias federais, o ponto inicial é na rodovia de maior importância.

E no caso das rodovias estaduais?
Bom, cada autarquia ou empresa que administra as rodovias estaduais em seu respectivo Estado adota um parâmetro para a nomenclatura de cada rodovia. No caso do Estado de São Paulo, o DER-SP (Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo) categoriza as rodovias com uma lógica semelhante ao do DNIT.

Rodovias radiais – Fazem a ligação entre a capital São Paulo e outras regiões do Estado. As indicações para estas rodovias correspondem a um ângulo a partir de uma linha Norte que passa pela capital e varia de 02 a 360 no sentido da esquerda para a direita (sentido horário) e sempre com número pares. Ou seja, os ângulos formados por essa linha imaginária são as indicações de cada rodovia. Por exemplo, a rodovia SP-330 (Rodovia Anhanguera) está no ângulo 330 a partir da linha Norte desde a capital. A rodovia SP-270 (Rodovia Raposo Tavares) está no ângulo 270 a partir dessa referência, e assim por diante.
Conceito para rodovias radiais.
Fonte: DER-SP, 2005.
Rodovias transversais – Ligam regiões do Estado sem passar pela capital e sua denominação corresponde a distância média até a capital, sempre utilizando o número ímpar de maneira sequencial. Para codificar a rodovia é utilizada uma linha em um ângulo de 90 graus entre essa rodovia e a capital paulista, traçando-se uma distância média entre elas. Por exemplo, a rodovia SP-055 (entre a divisa SP-RJ até a cidade de Miracatu) está a cerca de 55 quilômetros de São Paulo. A rodovia SP-021 (Rodoanel Mário Covas) está a cerca de 21 quilômetros do marco-zero da capital paulista, enquanto a SP-015 representa as Marginais Pinheiros e Tietê. Sim, as marginais são consideradas rodovias por fazer ligações importantes entre diversas rodovias que passam pela capital de São Paulo.
Conceito para rodovias transversais.
Fonte: DER-SP, 2005.
Marginais – São vias que estão construídas as margens de rodovias, utilizando o mesmo código que ela, porém adicionando as letras E (esquerda) ou D (direita) na codificação. Para definir isso, é utilizado como base o ponto inicial da quilometragem da rodovia. Exemplo: Rodovia Anhanguera (SP-330) possui a marginal Direita (SP-330 D) sentido interior do Estado e a marginal Esquerda (SP-330 E) sentido capital.
Conceito para marginais.
Fonte: DER-SP, 2005.
Acessos – São utilizados para as vias que permitem o acesso de uma rodovia para uma cidade, e possui dois conjuntos numerais separados por barra, sendo o primeiro o indicativo da do quilômetro da rodovia de onde parte o acesso, e o segundo o código da rodovia de sua origem. Ambos são antecedidos pela sigla SPA. Exemplo: SPA 008/101, quilômetro 8 da SP-101 (acesso a Hortolândia).
Conceito para acessos.
Fonte: DER-SP, 2005.
Interligação – Rodovias que fazem a ligação exclusiva entre duas rodovias, e sua codificação são formados por dois conjuntos de algarismos separados por barra, onde o primeiro conjunto representa o quilômetro de origem da rodovia de origem, e o segundo a codificação da rodovia também de origem. Esse conjunto procede depois do código SPI. Exemplo: SPI-084/066, interligação entre as rodovias SP-066 a SP-070.
Conceito para interligações.
Fonte: DER-SP, 2005.
Dispositivos – São complementos que interligam rodovias entre si, estão localizadas nos entroncamentos ou acessos destas rodovias. A codificação utiliza também dois conjuntos numerais, sendo o primeiro a quilometragem onde está localizado este dispositivo na rodovia, e o segundo a codificação da rodovia de origem, procedidos também do código SPD. Exemplo: SPD-102/066, dispositivo no quilômetro 102 da SP-066, entroncamento com a rodovia SP-099.
Por fim, cada Estado adota um parâmetro diferente para a sua estrutura rodoviária, e é necessário conferir cada autarquia e empresa responsável pelas rodovias de cada Estado.

E em casos de rodovias sobrepostas entre Estaduais e Federais?
Há muitos casos em que as rodovias federais quando estão dentro de alguns Estados acabam por receber o código diferente dos que possuem, como por exemplo a BR-101, onde o trecho desde a divisa entre o Rio de Janeiro e São Paulo até a cidade de Miracatu, no Estado de São Paulo, entroncamento com a BR-116. Esse trecho é denominado como SP-055, mesmo sendo parte da BR-101, chamada popularmente de Rio-Santos nesse trecho. Nesse caso também há os nomes oficiais. 
No trecho entre Ubatuba e Santos, é chamado de Rodovia Doutor Manuel Hipólito Rego (Rio-Santos), o trecho entre Piaçaguera e Guarujá é chamado de Rodovia Cônego Domenico Rangoni. Já o trecho entre Piaçaguera e Miracatu chamado de Rodovia Padre Manuel da Nóbrega.

Outros nomes populares de rodovias:
BR-116: Rio-Bahia (trecho dentro do território de Minas Gerais), Presidente Dutra (entre São Paulo e o Rio de Janeiro), Régis Bittencourt (entre Curitiba e São Paulo), Via Serrana (entre Curitiba e Jaguarão), Rio-Teresópolis (entre o Rio de Janeiro e Teresópolis), e Santos Dumont (entre Fortaleza e o entroncamento entre esta e a BR-040 no Estado do Rio de Janeiro).
BR-040: Rodovia Presidente Juscelino Kubitschek (entre Brasília e Petrópolis) e Rodovia Washington Luís (entre Petrópolis e o Rio de Janeiro), também é conhecida como Rio-Brasília.
BR-230: Conhecida popularmente como Transamazônica.
BR-381: Fernão Dias (entre São Paulo e Belo Horizonte), e ES-381 no trecho dentro do Espírito Santo.
Rodovia BR-040.
Fonte: DNIT.
Em casos de rodovias concedidas a iniciativa privada
Algumas rodovias quando foram concedidas a iniciativa privada acabam recebendo um nome adicional, como o caso da BR-116 entre São Paulo e o Rio de Janeiro é de administração da CCR Nova Dutra, enquanto o trecho entre São Paulo e Curitiba é administrado pela Autopista Régis Bittencourt.
Porém, ainda são rodovias que pertencem ao Governo Federal, apenas cedidas a iniciativa privada para ampliações, manutenções e gerenciamento.

Texto: Victor Santos
Fontes: DNIT, DER-SP. (Clique nos nomes em negrito para acessar os links).

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