domingo, 14 de novembro de 2021

Os dez terminais urbanos mais movimentados de São Paulo

Terminal Capelinha, região sudoeste de São Paulo.
Foto: Victor Santos, 2020.

Com o transporte coletivo por ônibus representando a maior parcela na mobilidade urbana, a cidade de São Paulo não poderia ter poucos terminais para os ônibus urbanos que circulam pela capital. Ao todo, são 31 terminais gerenciados pela SPTrans (São Paulo Transportes S.A.), atendendo cerca de 1,4 milhão de passageiros por dia. Embora pareça um número expressivo, ainda é pouco para o tamanho e a necessidade da cidade, que além de não possuir corredores exclusivos suficientes, ainda possui terminais sobrecarregados.
Veja quais são os mais movimentados e suas respectivas linhas. 
Observação: As demandas estão relacionadas ao movimento em dias úteis e são baseadas no mês de setembro de 2021. Os dados foram disponibilizados pela SPTrans. Somente consideramos os terminais administrados pela SPTrans.
Localização dos terminais urbanos e corredores de ônibus.
Mapa: Victor Santos, 2021.
1° lugar: Terminal Metrô Itaquera – 166.359 usuários
A primeira posição vai justamente para um dos principais pontos de conexão da zona leste de São Paulo, a estação Corinthians-Itaquera (ou somente Itaquera), que recebe seus cerca de 166 mil passageiros por dia útil, sem contar a movimentação entre e para a Linha 3 Vermelha do Metrô-SP e para a Linha 11 Coral da CPTM. Claramente também é uma das estações do sistema metroferroviário de São Paulo com maior movimento, cerca de 100 mil usuários por dia utilizam a estação.
Em 20 de dezembro de 1988, o distrito de Itaquera passou a contar com a sua primeira e única linha de metrô, a então Leste – Oeste (atual 3 Vermelha), que além de construir a estação e o pátio de operações da linha, ainda construiu um terminal para a integração física-tarifária entre os ônibus e o sistema de metrô. Em maio de 2000 foi inaugurado o Expresso Leste da Linha 11 Coral, que faz a ligação mais direta entre Itaquera à Luz, com paradas apenas no Tatuapé e Brás. Com o tempo, tornou-se um importante ponto de conexão das regiões mais à leste de São Paulo, com um movimento intenso entre os sistemas.
Com todo esse movimento, a SPTrans iniciou os planos para a construção de um novo terminal também anexo a estação de metrô e trem, não oficialmente chamado de Itaquera II. Esse novo terminal fica exatamente ao lado do terminal feito pelo Metrô-SP, e foi projetado para atender também ao futuro BRT Radial Leste, que nunca chegou a ser construído. No distrito também há uma estação de transferência, o E.T. Itaquera, mas esta tem outra função dentro de Itaquera e está ligeiramente longe do metrô.
Por fim, atualmente os dois terminais possuem uma administração separada, uma pelo Metrô e outra pela SPTrans, porém com uma operação em conjunta das 59 linhas de ônibus municipais e cinco metropolitanas gerenciadas pela EMTU-SP. São cinco plataformas para receber as linhas, e ambos os terminais possuem painéis com informações sobre as linhas, faixas de travessia de pedestres e sanitários públicos (este no terminal do metrô apenas).
O terminal atende linhas das áreas 3 Nordeste (amarelo) e 4 Leste (vermelho) do sistema municipal, que está exatamente no limite das duas áreas também contando com linhas para a Área Central (cinza). Ainda há expectativa de algum corredor de ônibus atenda o terminal, seja o BRT Radial Leste ou o corredor da cidade Líder.
Terminal do Metrô Itaquera, área construída pela SPTrans em 2019.
Foto: Victor Santos, 2019.

2° lugar: Terminal Santo Amaro – 142.642 usuários
O segundo lugar vai para um dos mais antigos terminais da cidade, construído ainda pela CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) de São Paulo e entregue em 25 de janeiro de 1987 para atender ao corredor exclusivo Santo Amaro – Nove de Julho – Centro, este entregue por completo também em 1987. O terminal fez parte do sempre relembrado Plano SISTRAN, que visava substituir as linhas comuns com linhas estruturais operadas por trólebus em corredores exclusivos (tronco-alimentador).
Por fim, o terminal tornou-se o principal, e por anos o único, terminal da região sul da cidade, gerando esse alto movimento e proporcionando um crescimento comercial na região, importante para outros distritos como M’Boi Mirim, Grajaú, Parelheiros, Capão Redondo e Interlagos, com linhas chegando de todos esses lugares no terminal.
Em 2002 foi inaugurado a estação Largo 13 da Linha 5 Lilás do Metrô-SP, aumentando o fluxo de passageiros para o terminal, já que por mais de 10 anos a linha faziam ponto final em Largo 13, e atualmente faz final na estação Chácara Klabin.
Atualmente são 64 linhas atendidas pelas quatro plataformas do terminal, que já foi reformado muitas vezes ao longo dos anos, mas ainda precisa de mudanças mais drásticas na circulação dos passageiros e coletivos. O terminal conta com bilheterias, sanitários públicos, caixas 24 horas, painéis eletrônicos e estáticos para informações sobre as linhas, faixas para travessia e elevadores para portadores de necessidades especiais, já que não há rampas ou escadas rolantes.
O terminal está nos limites das áreas 6 Sul (azul) e 7 Sudoeste (vinho), atendendo as linhas das respectivas áreas operacionais, além de linhas para as áreas 5 Sudeste (verde escuro), 8 Oeste (laranja) e Central. É atendido pelos seguintes corredores: Santo Amaro – Nove de Julho – Centro, Parelheiros – Rio Bonito – Santo Amaro, Jardim Ângela – Guarapiranga – Santo Amaro, Vereador José Diniz – Ibirapuera – Santa Cruz e Itapecerica – João Dias – Santo Amaro. Ou seja, é um importante ponto de conexão entre os corredores, articulando suas linhas.
Terminal Santo Amaro, região sul.
Foto: Victor Santos, 2019.

3° lugar: Terminal Parque Dom Pedro II – 115.118 usuários
Obviamente que ele não poderia faltar, um dos principais terminais de São Paulo ocupa o terceiro lugar dessa lista é também um dos primeiros terminais urbanos da cidade, com sua estrutura original inaugurada em 1967. No início era apenas um local com áreas para embarque e desembarque, sem nenhuma estrutura maior, mas recebendo diversas linhas das regiões leste e nordeste da cidade, inclusive algumas metropolitanas.
O terminal foi proposto para reduzir o número de linhas de ônibus nas regiões das praças da República e da Sé, ao mesmo tempo precisava receber essas linhas que foram alteradas com a chegada das obras do metrô.
Em 04 de novembro de 1996, o local foi reformulado e recebeu o prédio atual, com seis plataformas, bilheterias, sanitários públicos e painéis para as informações sobre as linhas. O terminal atende, principalmente, as linhas com destino as regiões nordeste, leste e sudeste, permitindo a conexão dessas regiões com o restante da cidade a partir desse terminal.
Atualmente atende 87 linhas de ônibus, que atendem as áreas operacionais 1 Noroeste (verde claro, este apenas nas madrugadas), 2 Norte (azul escuro), 3 Nordeste, 4 Leste, 5 Sudeste, 6 Sul, 7 Sudoeste, 8 Oeste e, obviamente, Área Central, onde este está localizado. Já foi reformado inúmeras vezes, mas ainda opera acima da capacidade, gerando muitos problemas em horários de maior movimento. Indiretamente é atendido pelo corredor Expresso Tiradentes através do terminal Mercado, este ligado ao Parque Dom Pedro II por uma passarela.
Uma observação importante é que o terminal já esteve entre o primeiro e o segundo lugar de mais movimentado, mas durante a pandemia de 2020/2021 a demanda parece ter sido reduzida.
Terminal Parque Dom Pedro II.
Foto: Victor Santos, 2021.

4° lugar: Terminal Grajaú – 102.591 usuários
Inaugurado em 28 de outubro de 2004, o quarto lugar vai para um dos principais polos de conexão entre o extremo sul de São Paulo e as demais regiões. O terminal do Grajaú foi inaugurado para atender o corredor Parelheiros – Rio Bonito – Santo Amaro, inaugurado também em 2004. Em 2008 passou a ter também conexão com a Linha 9 Esmeralda da CPTM, que retornou ao distrito após sete anos depois que fechou a estação no local.
O terminal recebeu diversas linhas que anteriormente seguiam até o terminal Santo Amaro ou região mais central, tornando-se um ponto de grande fluxo de transferências entre as linhas. Para isso, o terminal já foi dimensionado para essa função, facilitando as conexões e operação de veículos maiores (articulados ou biarticulados), embora pareça também operar acima da capacidade.
Possui três plataformas, faixas de travessia, elevadores, escadas fixas e rolantes, bilheterias, sanitários públicos e painéis com informações sobre as linhas. Sua conexão com a linha da CPTM é simples e prática para os usuários, com um mezanino comum para ambos os sistemas.
Atende a 34 linhas de ônibus municipais e duas metropolitanas, sendo as linhas municipais atendendo principalmente bairros dentro da Área 6 Sul, além das áreas 7 Sudoeste e Central.
Acesso principal do terminal Grajaú.
Foto: Victor Santos, 2019.

5° lugar: Terminal Varginha – 96.375 usuários
Outro terminal inaugurado em 2004 foi o do Varginha, em 24 de julho, com a função de estruturar o corredor de Parelheiros, onde o eixo principal (com faixas à esquerda) começava a partir deste terminal. Com seccionamentos das linhas da região neste terminal, foi necessário a construção de uma estrutura que comportasse o fluxo de linhas locais e estruturais, essa última com a operação de veículos articulados e biarticulados.
A estrutura possui quatro plataformas, sanitários públicos, painéis de informações sobre linhas, faixas de travessia elevadas, uma vez que o terminal possui um único pavimento. Há também uma área de estacionamento para os coletivos aguardarem suas respectivas partidas.
O terminal atende 38 linhas, distribuídas para atender aos bairros mais afastados do distrito, regiões rurais e para as regiões centrais e estações de metrô. As linhas atendem as áreas 6 Sul, 7 Sudoeste e Central.
No futuro, espera-se construir um novo terminal na região, próximo da futura estação Varginha da Linha 9 da CPTM, que deve permitir uma conexão mais rápida dos bairros mais ao sul com a rede metroferroviária da cidade. Ainda não se sabe o que será feito com a atual estrutura, manter mesmo fluxo ou diminuir as linhas mais locais, uma vez que a estação ficará distante do terminal atual.
Terminal Varginha.
Foto: Victor Santos, 2018.

6° lugar: Terminal Campo Limpo – 84.808 usuários
O primeiro e único terminal sob gerenciamento da SPTrans na Área 8 Oeste foi inaugurado em 31 de outubro de 2009 como parte da proposta de reestruturar as linhas de ônibus dos distritos de Campo Limpo e Campo Limpo. O projeto original previa que o terminal atendesse ao corredor Campo Limpo – Rebouças – Centro, inaugurado em 2004, mas o terminal ficou pronto apenas cinco anos depois, e mesmo assim sendo atendido apenas por faixas exclusivas à direita das vias.
O nome original, e aparentemente ainda usado pela SPTrans internamente, é terminal Largo do Campo Limpo, mas seu nome usual é apenas Campo Limpo. Está próximo do limite das áreas 7 e 8 da SPTrans, por isso atende linhas de ambas as áreas operacionais, sobretudo do distrito de Capão Redondo. Com tantos bairros atendidos, o fluxo de passageiros bairro-centro é alto, gerando o grande movimento do terminal, que conta com quatro plataformas para embarques e desembarques.
É um terminal relativamente novo, com todos os itens que atendem os passageiros como faixas de travessia, sanitários públicos, painéis com informações e bilheterias. Atende 32 linhas de ônibus, com destino as já citadas áreas 7 Sudoeste, 8 Oeste, também para a Área Central, permitindo a conexão das regiões sudoeste e oeste com o centro da cidade com a maior facilidade possível.
Terminal Campo Limpo:
Fonte: Parceiros do Transporte
Créditos ao autor.

7° lugar: Terminal Capelinha – 80.243 usuários
O terminal foi inaugurado em 25 de setembro de 1998 para tornar-se um ponto de conexão bairro-centro muito mais confortável e fácil aos passageiros que chegam dos bairros nos limites da cidade com Itapecerica da Serra e regiões dentro dos distritos do Capão Redondo e Jardim São Luís.
Em 2000 foi entregue o corredor Itapecerica – João Dias – Santo Amaro, o que melhorou a articulação entre o terminal e os demais corredores da cidade, o que permitiu um tempo de viagem e transferências menores.
Pelo grande número de passageiros, o terminal também é um dos maiores terminais da cidade, com cinco plataformas, uma imensa cobertura característica do terminal, e uma passarela que conecta o acesso à rua com o mezanino e as plataformas, todas através de uma rampa. O terminal conta com bilheterias, sanitários públicos, faixas de travessia e painéis informativos por todo o terminal.
Atende as 45 linhas de ônibus, com a maioria seguindo para os bairros da Área 7 Sudoeste, atendendo também as áreas 8 Oeste e Central. É um dos grandes exemplos de troncalização em São Paulo, já que o fluxo de transferência entre as linhas locais e estruturais é alto no terminal.
Terminal Capelinha.
Foto: Victor Santos, 2020

8° lugar: Terminal Sacomã – 75.342 usuários
Após anos em obras, o terminal Sacomã foi entregue em 8 de março de 2007 para atender ao também inaugurado corredor Expresso Tiradentes, que na ocasião marcou a chegada do primeiro sistema de BRT da capital paulista. O terminal foi alvo de críticas no início devido aos inúmeros seccionamentos de linhas municiais e até metropolitanas, que foram remanejadas para atender a nova estrutura.
Depois de um tempo, as mudanças foram aceitas e, com a integração física-tarifária entre o sistema metropolitano e municipal, o número de passageiros aumentou e tornou-se um dos principais da cidade e uma referência terminal de integração na cidade. Em 2010 a Linha 2 Verde passou a integrar-se ao terminal, o que possibilitou a integração entre os três sistemas: ônibus municipal, ônibus metropolitano e o sistema de metrô. Isso acabou por proporcionar esse movimento intenso de transferências entre linhas e sistemas.
Com suas oito plataformas, sendo duas no mezanino superior que atende somente ao Expresso Tiradentes, o terminal atende a 29 linhas municipais e 16 metropolitanas. Atende linhas para as áreas 2 Norte (somente sistema noturno), 5 Sudeste, 7 Sudoeste e Área Central.
A estrutura possui elevadores, escaladas rolantes e fixas, sanitários públicos, painéis com informações e bilheterias.
Os três pavimentos do Terminal Sacomã.
Foto: Victor Santos, 2019.

9° lugar: Terminal Vila Nova Cachoeirinha – 71.318 usuários
O nono lugar dessa lista vai para um dos mais antigos terminais de São Paulo, o Vila Nova Cachoeirinha, inaugurado em 30 de agosto de 1996 para atender ao corredor Inajar de Sousa – Rio Branco – Centro, entregue em 1991. Com a inauguração do corredor e os seccionamentos das linhas de bairro, foi necessária uma estrutura que comportasse a demanda dos distritos do Brasilândia, Cachoeirinha, Perus e Jaraguá.
O terminal possui uma cobertura bem característica, em curva e em tom azul escuro que se destaca dos arredores, além da ligação por meio de um túnel entre as plataformas, possibilitando a passagem segura dos pedestres, embora haja as faixas de travessia disponíveis.
As mudanças nas linhas para criar o sistema tronco-alimentador no terminal serviram para mostrar como um corredor exclusivo para os ônibus e um terminal para a integração podem melhorar o transporte de uma região. Uma curiosidade é que o terminal era chamado de T.T.V.N. Cachoeirinha (Terminal de Transferência Vila Nova Cachoeirinha), embora seja chamado apenas de Cachoeirinha.
Por fim, o terminal atende 31 linhas de ônibus em suas quatro plataformas, bilheterias, sanitários públicos e painéis com informações sobre linhas. Embora esteja dentro da Área 2 Norte, atende muitas linhas oriundas da Área 1 Noroeste, além de linhas para a área Central.
Embora ainda atenda bem os passageiros, com os ônibus cada vez maiores, o terminal acabou tendo problemas com a circulação dos coletivos aguardando o horário de partida.
Terminal Vila Nova Cachoeirinha.
Foto: Victor Santos, 2020.

10° lugar: Terminal Cidade Tiradentes – 66.166 usuários
O último terminal dessa lista é também um dos mais distantes do centro da cidade, inaugurado em 12 de novembro de 1996 para o distrito de Cidade Tiradentes com a proposta racionalizar as linhas do distrito e criar o sistema tronco-alimentador para a região. Embora amplo e com espaço para possíveis ampliações, ainda há diversas linhas fazendo ligações bairro-centro direto. Com o tempo, algumas linhas foram realmente encurtadas no terminal, criando as ligações locais, também alterando as linhas para atender o terminal como ponto de passagem.
Em meados de 2005, a SPTrans projetou a interligação deste terminal com o corredor Expresso Tiradentes, com 32 quilômetros de extensão e passando por outros três terminais no percurso até chegar ao terminal Parque Dom Pedro II. Porém, o projeto foi adiado até ser cancelado e seu percurso entre a Vila Prudente e Cidade Tiradentes ser substituído pela Linha 15 Prata do Metrô-SP, hoje operando apenas até São Mateus. A extensão até Cidade Tiradentes do monotrilho da linha prata foi adiada diversas vezes, sem uma possibilidade de estar pronto nos próximos anos.
Atualmente, o terminal atende a 27 linhas de ônibus, estando na Área 4 Leste e atendendo linhas para as áreas 3 Nordeste, 4 Leste, 5 Sudeste e Central, possibilitando a conexão das linhas locais com as linhas estruturais de maneira prática. Possui quatro plataformas, com bilheterias, sanitários públicos, painéis de informação e faixa para a travessia de pedestres. 
Acesso do terminal Cidade Tiradentes.
Foto: Victor Santos, 2021.

Texto: Victor Santos.
Fonte dos dados históricos: SPTrans (Portal da Transparência e-SIC).

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