sexta-feira, 1 de maio de 2020

Trólebus no Brasil – Conheça a frota atual de São Paulo

O Brasil possui atualmente três sistemas de trólebus em operação, embora já tenha possuído 14 sistemas no total, não operando simultaneamente, onde a maioria foi inaugurada e desativada entre os anos de 1950 e 1960. A tecnologia chegou ao país em 22 de abril de 1949, quando São Paulo inaugurou a primeira rota entre o bairro da Aclimação e o centro da cidade.
A frota no país hoje é de 289 trólebus em operação, divididos em três sistemas que totalizam cerca de 200 quilômetros de rede e 21 linhas regulares.
A cidade de São Paulo conta com a maior parcela de frota, linhas, e extensão de rede, com 201 veículos em operação, onde 100 trólebus são do tipo padron trucado (três eixos e 15 metros de comprimento), e 89 do tipo padron comum (dois eixos e entre 12 e 13 metros). 
Todos possuem piso baixo, rampa para o acesso do cadeirante, sinalização especial e contam com todos os itens exigidos pela SPTrans, gerenciadora do sistema municipal.

Protótipo do padron trucado trólebus na cidade em operação pela
linha 3160-10. Foto: Victor Santos (autor).
Fabricante da carroceria: Caio Induscar
Modelo: Millennium II
Fabricante de chassi: Scania
Modelo: K270UB 6x2
Motor/tração (potência): WEG/Eletra (210 kW)
Ano de fabricação: 2011
Ano modelo: 2012
Período de fabricação: 2011
Quantidade: 01 (uma unidade)
Prefixo: 4 1775
Descrição
Após muitos anos sem fabricar um modelo para receber a tecnologia trólebus, a Scania forneceu uma unidade do seu modelo K270UB 6x2 para o recém formado consórcio WEG/Eletra e Caio Induscar, que estavam a frente da renovação dos trólebus entre 2010 e 2014. Na mesma época, a Scania e a Caio forneceram a Metra, operadora do corredor metropolitano do ABD, um modelo semelhante ao que foi entregue a Ambiental Transportes de São Paulo, embora a unidade que foi fornecida à Metra (5500) contava com ar-condicionado. 
Por fim, a unidade protótipo que foi entregue a Ambiental foi essencial para eventuais testes operacionais e saber como o novo padrão de trólebus na cidade iria se comportar nas linhas da empresa. 
Com a aceitação do modelo, no ano seguinte a encomenda de 99 unidades de trólebus do tipo trucado foi feita, porém nenhuma outra unidade desse padrão foi fabricada para o Millennium II. O motivo mais provável seria a de que em 2011 a Caio havia encerrado a fabricação do modelo Millennium II, sendo substituído pelo Millennium III na linha de produção.  
As unidades receberam a carroceria Millennium BRT, na época recém lançado pela fabricante paulista. Sendo assim, esta unidade é a única com essa carroceria nesse padrão na cidade, além de ser também o único ônibus trucado da cidade a não possuir portas do lado esquerdo, padrão comum dos ônibus desse tipo na cidade. A linha onde ele é mais visto operando é a 342M-10 (Terminal São Mateus – Terminal Penha), embora já tenha sido visto operando nas demais linhas da empresa.

Trólebus padron trucado se tornou comum em todas as linhas da empresa.
Foto: Victor Santos (autor).
Fabricante da carroceria: Caio Induscar
Modelo: Millennium BRT
Fabricante do chassi: Scania
Modelo: K270UB 6x2
Motor/tração (potência): WEG/Eletra (210 kW)
Ano de fabricação: 2012
Ano modelo: 2013
Período de fabricação: 2012 a 2013
Quantidade: 99 unidades
Prefixos: 4 1501 a 4 1600
Descrição
Com a aceitação da Ambiental em relação aos trólebus de 15 metros, em 2012 foi realizada a aquisição de 99 unidades semelhantes, porém com carroceria Millennium BRT da Caio, ao contrário da unidade protótipo como vimos acima. O modelo ainda estava com uma presença pequena na cidade, uma vez que havia acabado de ser lançado, tendo uma maior participação a partir de 2013.
As primeiras unidades foram apresentadas à cidade em 2012, alguns meses depois da unidade 4 1775 ter sido apresentada na garagem de empresa, todos fazendo parte do extinto projeto “Ecofrota”, um programa que visava diminuir a participação de ônibus movidos à diesel e a maior utilização de ônibus com tecnologia de tração limpa. É atualmente o maior trólebus em operação na cidade, e substituiu os dois únicos articulados trólebus da cidade, que foram retirados de operação entre 2013 e 2014.
O modelo possui o que há de mais moderno para o sistema, como tração com corrente alternada, o que possibilita uma manutenção e operação muito mais barata que os trólebus das gerações anteriores.
Um fato curioso é que quando as primeiras unidades chegaram na cidade não contavam com portas para o embarque e desembarque à esquerda dos ônibus, padrão exigido pela SPTrans nos ônibus do tipo padron, articulados e biarticulados. Posteriormente, como forma de flexibilizar a frota e poder operar em linhas que possuem embarque e desembarque pelo lado esquerdo, todas as unidades foram adaptadas com portas à esquerda dos coletivos, embora apenas três linhas atualmente possuem essa necessidade: a 2290-10 (Terminal São Mateus – Terminal Parque Dom Pedro II), 2002-10 (Terminal Parque Dom Pedro II – Terminal Bandeira), e 2100-41 (Jardim Vila Formosa - Praça da República). Está presente em todas as linhas de trólebus da cidade, sendo o modelo mais comum do sistema de trólebus da capital.
Outro fato curioso é que há 50 unidades que possuem baterias que permitem que os trólebus percorram cerca de 10 quilômetros sem estarem conectados à rede aérea, desviando de rotas com problemas ou em trechos sem rede aérea.

Primeiro trólebus padron 12 metros da nova geração.
Foto: Gustavo Bonfate.
Fabricante da carroceria: Caio Induscar
Modelo: Millennium II
Fabricante do chassi: Mercedes-Benz
Modelo: O-500U
Motor/tração (potência): WEG/Eletra (165 kW)
Ano de fabricação: 2011
Ano modelo: 2012
Período de fabricação: 2011
Quantidade: 01 (uma unidade)
Prefixo: 4 1774
Descrição
Assim como o trólebus 4 1775, esta unidade foi entregue à Ambiental na mesma época para ser protótipo das futuras unidades de trólebus do tipo padron 12 metros que seriam fabricados para a renovação da frota. Um modelo semelhante já havia sido testado na cidade quando a Himalaia Transportes ainda operava no sistema municipal, porém a SPTrans havia reprovado a unidade por não atender as exigências dos manuais técnicos da autarquia. Essa unidade foi entregue então à Metra, onde recebeu o prefixo 7400 e opera até os dias atuais.
A unidade foi bem aceita pela empresa, mas assim como a unidade protótipo 4 1775, os modelos adquiridos no mesmo padrão foram entregues já com a carroceria modelo Millennium III da Caio, lançado em 2011 pela fabricante. Ou seja, esse modelo também é considerado único na cidade, como sendo o único trólebus Millennium II da cidade, assim como o único Millennium II do tipo piso baixo sem as portas à esquerda do veículo. A linha de operação mais comum dessa unidade é a 3160-10 (Terminal Vila Prudente – Terminal Parque Dom Pedro II), embora também seja comum à sua operação nas demais linhas da empresa, com exceção da 2290, 2002 e 2100-41.

Trólebus padron 12 metros recolhendo após operar na 3160.
Foto: Victor Santos (autor).
Fabricante da carroceria: Caio Induscar
Modelo: Millennium III
Fabricante do chassi: Mercedes-Benz
Modelo: O-500U
Motor/tração (potência): WEG/Eletra (165 kW)
Ano de fabricação: 2012
Ano modelo: 2012
Período de fabricação: 2012
Quantidade: 78 unidades
Prefixo: 4 1776 – 4 1836; 4 1902 – 4 1917
Descrição
Como parte da renovação, as 78 unidades de trólebus do tipo padron 12 metros foram fabricados e entregues em 2012 para a empresa, que pôs fim a operação dos trólebus mais antigos em operação, os Marcopolo Torino GV, todos aposentados em 2013. Esses modelos seguiram as mesmas características que a unidade protótipo (4 1774), mudando somente o modelo da carroceria, agora em Millennium III.
Diferente dos Millennium III com piso baixo em operação na cidade, os modelos trólebus possuem três portas apenas na direita dos ônibus, enquanto os demais da cidade possuem portas de ambos os lados da carroceria, duas por lado.  Um fato curioso é que apenas a Ambiental possui esse modelo em trólebus, uma vez que nenhuma outra das operadoras de trólebus no país encomendaram na época novos trólebus que poderia receber esse modelo.
Já operou em todas as linhas de trólebus da cidade, mas devido a questões operacionais, apenas as linhas 2002-10, 2290, e 2100-41 (Vila Formosa – Praça da República) não operam mais com esse modelo de trólebus. Embora ágeis com as três portas, muitos reclamam do corredor estreito na parte traseira do salão de passageiros, problema agravado quando estão lotados.

Trólebus com chassi Man/Volkswagen no terminal Vila Carrão.
Foto: Victor Santos (autor).
Fabricante da carroceria: Caio Induscar
Modelo: Millennium BRT
Fabricante do chassi: Man/Volkswagen
Modelo: 17.280 OT
Motor/tração (potência): WEG/Eletra (165 kW)
Ano de fabricação: 2013
Ano modelo: 2014
Período de fabricação: 2013 a 2014
Quantidade: 10 unidades
Prefixo: 4 1601 – 4 1610
Descrição
Como complemento a renovação da frota de trólebus, a Ambiental encomendou ainda dez unidades do tipo padron à Caio Induscar, todos com carroceria Millennium BRT e com motor e componentes elétricos fabricados pela WEG e Eletra. Porém, a novidade ficou por conta da fornecedora do chassi: a Man/Volkswagen, que nunca havia produzido um chassi para trólebus no país antes. As unidades foram todas entregues entre 2013 e 2014, o que encerrou o processo de renovação da frota de trólebus na cidade, sendo então os últimos trólebus produzidos para o sistema municipal. Essas unidades foram bem distribuídas pelas linhas da empresa, e podem ser vistos em quase todas elas.
Embora siga as mesmas configurações dos demais trólebus padron, essas unidades possuem um problema que não é encontrado nos demais modelos da cidade: sua instabilidade em curvas ou buracos no viário.
Por conta disso, é comum que esses trólebus soltem facilmente as alavancas dos fios, seja por qualquer problema no viário que, muitas vezes não geram os mesmos problemas aos demais trólebus. Talvez por este motivo, a empresa dê preferência em escalar esses ônibus somente em horários de pico ou como reforço de frota em alguns horários.
Trólebus com piso baixo total pela linha 2100.
Foto: Victor Santos (autor).
Fabricante da carroceria: Busscar Ônibus S/A
Modelo: Urbanuss Pluss LF (Low Floor)
Fabricante do chassi: HVR
Modelo: Trólebus
Motor/tração (potência): WEG (165 kW)
Ano de fabricação: 2008
Ano modelo: 2008/2009
Período de fabricação: 2008
Quantidade: 11 unidades
Prefixo: 4 1500; 4 1764 – 4 1773
Descrição
Em 2007, a então operadora do sistema de trólebus e das linhas comuns da zona leste de São Paulo, a Himalaia Transportes, começou os processos de renovação da frota de trólebus da cidade, até então operando com os Marcopolo Torino GV. Sendo assim, a Busscar fabricou o protótipo do modelo Urbanuss Pluss Low Floor (piso baixo) e entregou para a empresa iniciar os testes. Embora já tenha fabricado o modelo para o sistema de trólebus do ABC Paulista, seria o primeiro do tipo nas configurações da SPTrans. 
O chassi seria fabricado pela HVR, que pertencia ao mesmo grupo da Busscar, enquanto os motores seriam de fabricação da WEG, e seus componentes elétricos da Eletra.
A unidade protótipo, 4 1500, foi entregue em 2008, enquanto as demais unidades seriam entregues ao longo do mesmo ano. Era prevista a encomenda de 20 unidades à fabricante catarinense, mas devido aos problemas financeiros e administrativos da Busscar, apenas 11 unidades (contando com o protótipo) foram produzidas e entregues, sem conseguir produzir as unidades restantes.
Esse modelo possui características não encontradas nos demais trólebus em operação na cidade, como o piso baixo total na parte interna do veículo e 13 metros de comprimento. 
O chassi desse modelo possui um diferencial por ser desenvolvido especificamente para ser trólebus, diferente dos demais modelos de trólebus que são, basicamente, chassi de ônibus comuns reprojetados para a tecnologia trólebus. 
Como a Busscar posteriormente foi à falência, ficou complicado para a empresa adquirir peças de reposição da carroceria. É o modelo de trólebus mais antigo em operação na cidade, com pouco mais de 10 anos de uso, embora o tempo de vida útil de um trólebus pode variar de 15 a 20 anos.
As 11 unidades estão completamente distribuídas em quase todas as linhas, embora o mais comum seja a operação desses modelos em dias úteis, podendo ser mais encontrado nas linhas 2100-10 (Terminal Vila Carrão – Praça da Sé), 342M, 3160 e 408A-10 (Machado de Assis – Cardoso de Almeida).

Trólebus Ibrava é considerado um "mosca branca" por entusiastas.
Foto: Victor Santos (autor).
Fabricante da carroceria: Ibrava
Modelo: Trólebus
Fabricante do chassi: Tutto Trasporti
Modelo: Trólebus
Motor/tração (potência): WEG/Eletra (165 kW)
Ano de fabricação: 2010
Ano modelo: 2010
Período de fabricação: 2010
Quantidade: 01 (uma unidade)
Prefixo: 4 1901
Descrição
Como a Busscar não conseguiu produzir as unidades que a Himalaia Transportes precisava, a Ibrava, em conjunto com a Tutto Trasporti (sim, é assim que escreve o nome da empresa), forneceu uma unidade para testes na empresa, sendo o primeiro trólebus da Ibrava a ser fabricado. Recebendo o prefixo 4 1901, a unidade possuía as mesmas características dos demais a serem fornecidos, com exceção do sistema de refrigeração a água. O acabamento interno lembra muito os modelos micros que a Ibrava já fornecia para as empresas de São Paulo na mesma época, o que poderia ser muito bom para reposição de peças.
Conhecido muito pelo seu design externo diferente, a unidade também é lembrada pelas suas constantes panes que fazem com que seja recolhido à garagem antes do final da operação comercial, visto com frequência sendo rebocado para o pátio.
Talvez pelos problemas encontrados, não foram adquiridas mais unidades desse modelo, o tornando o único trólebus da Ibrava em operação, ou melhor, uma quase operação, já que muitos entusiastas conhecem o modelo por viver na manutenção e até mesmo alguns nunca terem visto ele de perto.


Fontes:
site Plamurb: "O Brasil já teve 14 sistemas de trólebus ao longo de sua história", 2019.
site Movimento Respira São Paulo (link).

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